O uso das radiações ionizantes para o diagnóstico representa uma grande revolução na medicina. Porém, sabemos hoje dos seus efeitos deletérios e que as práticas podem dar origem a exposições radiológicas se não tomarmos as devidas medidas de radioproteção. A radioproteção ou proteção radiológica, é um conjunto de normas e medidas que visam a proteção do paciente, do profissional, da comunidade e do ambiente de possíveis efeitos indesejáveis causados pelas radiações ionizantes. Além de cuidados com o aparelho como calibração, filtro de alumínio e colimação, a distância foco-paciente, a utilização de filmes ou sensores mais radio sensíveis e a técnica radiográfica correta, o método mais lembrado de radioproteção é o uso dos aventais pumblíferos. Mas será que você está os usando corretamente?

O que são os aventais plumbíferos?

Talvez você os conheça como avental ou colete de chumbo que são seus sinônimos mais coloquiais. Eles são uma vestimenta de proteção radiológica que têm como objetivo proteger o usuário diante de uma possível exposição à radiação. Os componentes de chumbo que compõem o avental retêm a passagem de fótons de Raios X, impedindo/ atenuando a radiação ionizante. Temos diversos modelos: com/ sem o protetor de tireóide, com/ sem a proteção da coluna vertebral e de diferentes espessuras de chumbo. Para auxiliar os radiologistentos e esclarecer a polêmica utilização do protetor de tireóide, falarei aqui sobre quais devem ser solicitados de acordo com o sujeito e técnica realizada:

Uso do operador:

Todos os profissionais devem se posicionar de tal forma que nenhuma parte do corpo seja atingida pelo feixe primário sem estar protegidos por, no mínimo, 0,5mm equivalente de chumbo. Para a radiação espalhada, não deve ser inferior a 0,25mm. Essa proteção pode ser através de proteção do ambiente, de forma coletiva como argamassa baritada, lâminas de chumbo ou aço, biombos ou então através de proteção individual como o avental.

Uso do paciente:

O paciente deve ter seus órgãos mais radio sensíveis como gônadas, cristalino e tireóide protegidos com pelo menos 0,5mm equivalente de chumbo quando estiverem diretamente no feixe primário da radiação ou até 5cm dele. Mas aqui vai uma observação importante: essa orientação é descartada quando a blindagem exclua ou degrade informações diagnósticas importantes ou aumentem a dose que o paciente seria exposto.

Uso em acompanhantes:

Primeiro, a presença de acompanhante durante os procedimentos radiológicos somente é permitida quando sua participação for imprescindível para conter, confortar ou ajudar pacientes e seja de forma voluntária. Nestes casos, durante as exposições, é obrigatória ao acompanhante a utilização de equipamento de proteção individual compatível com o tipo de procedimento e com atenuação maior ou igual a 0,25mm equivalente de chumbo.

 

Uso por técnica

–  Exames intrabucais: Proteção frontal e aconselhado a utilização do protetor de tireóide;

– Radiografia panorâmica: Utilização da proteção frontal e posterior com a blindagem da coluna vertebral devido à rotação do aparelho. Não recomendada a utilização do protetor de tireóide pois poderia afetar a qualidade de imagem, o que geraria repetições;

– Tomografia Computadorizada de Feixe cônico. Utilização da proteção frontal e posterior com a blindagem da coluna vertebral devido à rotação do aparelho. Não recomendada a utilização do protetor de tireóide nos casos dos exames da mandíbula pois poderia afetar a qualidade da imagem, o que geraria repetições.

Os exames por imagem em odontologia contribuem com os dados clínicos para a conclusão do diagnóstico e auxiliam na elaboração do plano de tratamento. Como qualquer exame que utiliza a radiação ionizante, possui riscos, mas neste caso são mínimos devido às pequenas doses de radiação. Não existem dados científicos que demonstrem a associação entre as radiografias odontológicas e o aumento do risco de câncer de tireóide.  Podemos então dizer que os raios X podem e devem ser utilizados desde que devidamente controlados e tomando as devidas precauções, seguindo as orientações de radioproteção existentes. Ou seja, quando a técnica nos permitir, sempre utilizar os aventais plumbíferos, eles são artifícios importantes para a radioproteção.

A radiação é algo que ainda gera inseguranças e incertezas por parte da comunidade em geral e somos os responsáveis por transmitir segurança e esclarecimento acerca desse assunto. Espero que após esse artigo os radiologistentos estejam mais preparados para responder indagações como: E não devo usar o protetor de tireóide nessa técnica? Devo mesmo colocar esse colete pesado? A espessura deste colete está correta? E muitas outras questões que nos realizam diariamente acerca do assunto aventais plumbíferos. E para finalizar, só um lembrete super importante: os aventais plumbíferos devem ser acondicionados de forma a preservar sua integridade, sobre superfície horizontal ou em suporte apropriado. O acondicionamento incorreto pode levar a fissura da lâmina de chumbo, levando a falta de proteção radiológica nessas regiões.

Esse conteúdo foi desenvolvido em parceria com a Dental Cremer que possuiu uma solução completa para seu consultório! Confira sua loja virtual.

Sobre a especialista:

Profa. Msc. Phd. Thaís Sumie Nozu Imada-Pivetta

@radiologistasonline

 

Referência Bibliográfica

Resolução RDC N 611 de 9 de março de 2022. Diário Oficial da União. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Portaria SVS/MS 453 de 1 de junho de 1998. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Nota sobre o uso do protetor de tireoide durante as radiografias odontologicas. Associação Brasileira de Radiologia Odontológica