Acredito que para a maioria dos radiologistentos, ALARA é um velho amigo, mas e os outros termos ALADA e ALADAIP, você conhece?

O que é ALARA?

Primeiramente vamos relembrar o termo ALARA. ALARA é um acrônimo em inglês, fundamentada na década de 70, que significa As Low As Reasonably Achivable, uma das regras de ouro sobre radioproteção.

A tradução em português seria algo como: “Tão baixo quanto razoavelmente exequível/ executável/ possível”. Ou seja, quando se trata de radiação, deve-se utilizar a menor dose possível para alcançar um resultado satisfatório. É um conceito com o objetivo de orientar e minimizar as doses de exposição ao paciente, operadores e ambiente.

Então agora que já estamos esclarecidos sobre ALARA, vamos discutir os termos mais recentes:

O que significa ALADA e ALADAIP?

Nos últimos anos, houve a introdução do termo ALADA, que também é um acrônimo em inglês, que significa As Low As Diagnosticaly Acceptable. Ou seja, utilizando dose de radiação mais baixa para uma imagem diagnosticamente aceitável.

E mais recentemente foi apresentado também o termo ALADAIP (As Low As Diagnostically Acceptable being Indication-oriented and Patient-specific), com o mesmo significado do ALADA e adicionando: orientado pela indicação e específico ao paciente.

Beleza Profa. Thaís, entendi os termos, mas qual a real diferença entre eles?

ALARA X ALADA(IP):
No caso da ALARA, visando gerar imagens de alta qualidade, os operadores podem aumentar a dose de radiação, o que pode expor o paciente a riscos desnecessários. Ou seja, nessa nova alteração, não se busca uma imagem “bonita”, e sim suficientemente útil para o diagnóstico, diminuindo ainda mais a dose de radiação. No caso da ALADA, a qualidade de imagem obtida deve ser suficiente para realizar a tarefa de diagnóstico específica, mas com a mínima exposição possível. O ALADAIP aborda a importância de realizar exames radiográficos mantendo uma qualidade de imagem diagnosticamente aceitável para a tarefa específica de cada paciente e, ao mesmo tempo, aplicar cuidadosamente protocolos com a menor dose possível necessária.

Como aplicar:

O exame de imagem ideal deve oferecer a maior quantidade de informações possíveis ao mesmo tempo em que minimiza a radiação ao paciente. Os princípios da ALARA E ALADA(IP) trabalham com a otimização das doses de radiação, minimizando-as ao paciente, operador e ambiente através de algumas medidas práticas:

• Justificativa: todo o exame que envolve radiação deve ser justificado pela necessidade diagnóstica individual, onde os benefícios da exposição devem superar os riscos. Importante relembrar que a tomografia computadorizada de feixe cônico deve ser utilizada como método suplementar onde a radiografia bidimensional não conseguiu responder à pergunta para qual a imagem foi realizada.
• Receptores de imagem: Utilizar os filmes ou sensores mais sensíveis que for possível.
• Posicionadores radiográfico: Utilizados para otimizar o alinhamento e minimizar repetições.
• Colimação: Anel de chumbo utilizado para a diminuição da área radiografada. Utilizar preferencialmente a retangular.
• kVp, mA e tempo de exposição: Utilizar preferencialmente kVp de 60-70 e mA e tempo de exposição menores possíveis. Obs.: Na maioria dos aparelhos odontológicos a predefinição se dá por padrão de paciente e não há a regulagem do mA e Kv e sim somente do tempo de exposição. Quanto menor o tempo, menor a dose.
• Barreiras: Ao ambiente como concreto e metais; ao operador com distância segura de pelo menos 2m ou biombos de aço ou chumbo; e ao paciente, como coletes de chumbo e de tireóide, sempre que a técnica possibilitar.
• Tamanho do FOV (tomografia): tamanhos maiores devem ser restritos a casos em que uma visão ampla é necessária, visto que a dose de radiação aumenta de forma direta com o tamanho do FOV. Aumentando a altura, também se inclui tecidos novos e potencialmente radio sensíveis para a área de exposição.
• Número de projeções (tomografia): menor número possível para uma imagem clinicamente aceitável, reduzindo assim a dose do paciente.

Se avaliarmos os riscos provenientes da radiologia odontológica para um único indivíduo, pode parecer algo pequeno, mas se expandirmos para uma população mais ampla, o risco da radiação torna-se um importante problema de saúde pública. Portanto, quando falamos de radiação ionizante, as medidas de segurança devem sempre ser realizadas para assegurar que o paciente e operador estejam protegidos durante a aquisição.

Apesar da utilização frequente da radiação para uso diagnóstico, pois é um exame complementar indispensável na odontologia, ainda há falta de educação adequada entre dentistas e falta de diretrizes rígidas quando se fala de radioproteção. Então se “radiografias bonitas” estão sendo buscadas quando uma imagem diagnóstica com menor radiação seria suficiente, estamos fazendo um desserviço ao nosso paciente.

Os novos princípios criam uma nova perspectiva na imagem odontológica caminhando para uma ciência baseada nas necessidades clínicas e no atendimento prático do paciente. Portanto nós, radiologistas odontológicos, somos peças essenciais na orientação e utilização responsável da radiação ionizante. É nosso papel orientar o colega dentista clínico sobre o tipo e número de imagens a serem tomados de acordo com necessidades individuais de cada paciente e explicar a diferença entre o que é aceitável diagnosticamente e imagens “bonitas”. Qual a sua opinião, você é a favor da ALADA?

 

Referências bibliográficas:

White & Pharoah. Radiologia Oral. Princípios e Interpretação. 7ª ed. Jaju PP, Jaju SP. Cone-beam computed tomography: time to move from ALARA to ALADA. Imaging Sci Dent. 2015;45(4):263–5. Ihlis RL, Kadesjo N, Tsilingaridis G, Benchimol D, Shi SQ. Image quality assessment of low-dose protocols in conebeam computed tomography of the anterior maxilla. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol 2021, 000: 1-9 Oenning AC, Salmon B, Vasconcelos KF, et al. DIMITRA paediatric skull phantoms: development of age-specific paediatric models for dentomaxillofacial radiology research. Dentomaxillofac Radiol. 2018;47(3):20170285. doi:10.1259/dmfr.20170285 Barreto MS, Sarmento VA. Doses absorvidas em órgãos-alvo em TCFC e TCMD. Tese de Doutorado UFBA. Salvador-BA. Issues related to standard of care: ALARA e ALADA. Withers S, Heyde M. Panoramic Radiographs: Technique e Anatomy review. In: Dentalcare.com. Radiation Safety in Dentistry. Adopted by FDI General Assembly September, 2014 New Delhi, India.

Sobre a especialista:

Profa. Msc. Phd. Thaís Sumie Nozu Imada-Pivetta

@radiologistasonline